Anúncios à Fábrica de Chocolates Iniguez surgem em várias revistas do início do século XX. Normalmente sem morada, publicitam o cacau, a cakula e o chocolate.
Foi um novo anúncio, mais completo, publicado num «Annuario Commercial de Portugal», que me levou a procurar o seu rasto.
Na revista “O Occidente”, de Abril de 1906, a propósito da Exposição Colonial, que tivera lugar na Sociedade de Geografia, falava-se na grande variedade de chocolates da fábrica a vapor de António Joaquim Iniguez e prometiam voltar ao tema. Efectivamente, em Junho do mesmo ano, era apresentada uma extensa reportagem sobre a mesma.
Ficámos assim a saber que a fábrica havia sido fundada em 1886, na Travessa das Mercês, junto à Igreja com o mesmo nome. Apesar de pequena, conseguiu concorrer à Exposição Industrial de 1888, onde apresentou os seus produtos da torrefação do café, que lhe permitiram ganhar um medalha de ouro. Mas, determinado a expandir-se, e com o intuito de produção de chocolates e cacau, decidiu adquirir um terreno no início da Avenida D. Carlos, I, nos nº 2 a 40, no quarteirão onde está hoje a escola do IADE (1).
Para isso adquiriu também modernas máquinas de transformação destes produtos, em especial do chocolate vindo de S. Tomé e Príncipe.
Uma das suas especialidade era o cacau “Porto Cabello”, mas os seus “chocolates em pau” competiam com os chocolates estrangeiros. Um outro produto, que muito me intrigava, era o que o sr. Iniguez decidiu chamar «Cakula Iniguez» e que se tratava de uma mistura de cacau, noz de cola e açúcar. Era um alimento reparador destinado a pessoas debilitadas, portanto um fortificante alimentar.
A qualidade dos seus produtos permitiu-lhe ganhar várias medalhas de ouro em exposições nacionais e também internacionais como a da Exposição Internacional de Londres, de 1903 e a da Exposição Universal de S. Luís, de 1904.
A descrição da fábrica mostra-nos não só a sua grande extensão mas também a modernidade das suas máquinas alemãs que permitiam o fabrico do chocolate pelo método holandês.
Exposição e empacotamento |
Apesar das dimensões a fábrica tinha características familiares, trabalhando as filhas como guarda-livros e um dos seus filhos com ajudante do pai, o que levou a que este lhe desse sociedade, passando a firma a designar-se A. J. Iniguez & Iniguez.
Em 1911 a fábrica estava nas mãos do filho Manuel que, ajudado pelo irmão mais novo António, mantinham a tradição de empresa familiar.
Manuel António Iniguez |
No dia 1 de Janeiro de 1911 o jornal "O Século" dava grande destaque às novas instalações da grande fábrica a vapor de chocolate, torrefacção de café e moagem, de A. J. Iniguez & Iniguez, sita na Rua 24 de Julho. A esta inauguração assistiram o então ministro do Fomento e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que incluiu uma visita às novas instalações.
Em data que desconheço, mas posterior a 1918, porque a Avenida D. Carlos se designava então Avenida Presidente Wilson, a Sociedade Industrial de Chocolates (SIC), ficou com as marcas da firma A. J. Iniguez & Iniguez, Ltd. e adoptou, modificadas, as da firma União & Frigor, Ltd.. A fachada da fábrica ficava então na Rua 24 de Julho, onde se situavam os escritórios e as oficinas.
A fábrica de chocolates tinha também uma sucursal na Baixa, na Rua do Ouro que, em data não especificada, foi fechada, passando os artigos a ser vendidos «no estabelecimento do Sr. Mácario M.Ferreira, na Rua Augusta, Nº 272 e 274, primeiro quarteirão do Rocio», como informavam os seus proprietários num rótulo de uma caixa de chocolate.
Doces memórias.
ResponderEliminarCarlos Caria,
ResponderEliminarMesmo sem provar os chocolates.
Boa noite.
ResponderEliminarTenho uma caixa de madeira forrada a papel desta marca.Está em muito bom estado. Acho que gostaria de ter foto dela. Como faço para partilhá-la consigo e assim acrescentaria no seu blog que muito aprecio.
Cumps
Dionisio
dionisiobako@gmail.com
Fernando Dionísio,
ResponderEliminarMuito obrigado vou contactá-lo.
Cumprimentos
Boa noite, tenho um rotulo dos chocolates Iniguez de 100 gramas on fe vem especificada a morada, eu coleciono rotulos e publicidade em geral e fiz uma exposição de brindes publicitários no Museu do Brinquedo em Sintra com a famosa caixa da Regina a original, gostaria de falar consigo e de a conhecer, tenho já o seu livro dos licores assinado por si, através de um amigo (Afonso), que fez o favor de pedir a dedicatória. Frederico Cunha tlm 914020605
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