Imagem tirada da internet |
Na última semana os jornais noticiaram que 30%
do queijo da Serra da Estrela (DOP) acaba dentro dos pastéis de bacalhau.
É caso para dizer: “E anda um pai a criar um filho
para isto”.
Falando à
antiga, cresceram-me os dentes a comer cherovia. Em Portugal, é apenas na região da Covilhã que
cresce esta raiz (Pastinaca sativa), classificada definitivamente por
Lineu, em 1753, no livro Species Plantarum. Até então existiam muitas
confusões entre esta e a cenoura, sobretudo numa época com menos uniformidade
desta última. As duas eram "raízes" e por isso mesmo desprezadas na Idade Média.
As cherovias
surgem pela primeira vez num livro de culinária em 1450. Maestro Martino da
Como, dá uma receita de cherovias fritas no livro De honeste voluptate. Outros
se lhe seguem. Durante a Renascença foi recuperada, para cair mais tarde no abandono,
substituída pela batata.
Aveludado de cherovia |
Panela no forno |
Sobremesa: Imperador de cherovia e creme inglês |
Durante o festival da Cherovia, na Covilhã, irei apresentar o meu último livro.
Remete-me para recordações da minha adolescência na Covilhã, onde descobri a obra de Luís Sttau Monteiro, pela primeira vez, na extinta Livraria Nacional.
Apareçam!
Podia apresentar qualquer um dos conjuntos em Museu Virtual, mas a associação dos dois fazia-me mais sentido. Vieram de locais diferentes, mas de repente percebi a sua semelhança.
O pequeno cesto
de piquenique, em vime, contém um serviço de brincar para chá, com quatro chávenas,
bule, açucareiro, leiteira e quatro colheres monumentais em relação aos
restantes objectos. Mas isso não é importante porque sabemos que estamos no
reino do “faz de conta”, tão apreciado pelas crianças.
Já o serviço de
adultos é igualmente para chá. Aqui apenas se apresenta o bule e o açucareiro,
mas tenho ideia de que existem ainda as chávenas respectivas, vindas de um
outro local. O serviço, em porcelana, é da Fábrica da Vista Alegre e apresenta
a marca VA Portugal, em verde, que corresponde ao período de 1924-1947.
O modelo, conhecido por “bolas”, teve bastante aceitação no período Art Deco português, provavelmente pela alegria inovadora que transmitia. Terá servido de inspiração para o pequeno serviço infantil e reuniram-se agora.