Num país tão pequeno como é o
nosso parece difícil de acreditar que haja pratos regionais que desconhecemos.
Há pouco tempo comi em casa da
minha amiga Adriana, transmontana de gema, pela primeira vez, um prato que na
sua região, Pombal de Ansiães, é chamado «milhos».
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O milho moído |
Para o fazer, usa-se milho moído
de forma grosseira, isto é, não serve a farinha de milho por ter um grão muito
fino. Na minha receita usei a farinha de milho que numa das lojas da rua do
Arsenal, em Lisboa, onde o comprei, chamam “milho para xerém”.
A receita é simples. É feito como
um arroz de tomate malandrinho. Começa-se por alourar a cebola picada, junta-se
tomate picado, eventualmente adiciona-se um pouco de concentrado de tomate para
reforçara a cor e o paladar, sal e quando está tudo cozinhado juntam-se 3
chávenas de água quente para 1 de milho. Deixa-se cozer o milho (não em
excesso, devem sentir-se os bocados) de modo a ficar com bastante líquido. Uma
dos modos de saber quando está pronto é parar o cozimento quando começar a
fazer “vulcões”.
Esta receita simples serve de
acompanhamento a qualquer tratamento de carne ou peixe, em substituição de
arroz, por exemplo.
Este prato fez-me lembrar o
texto de Henry Frederick Link (1767-1851) o botânico alemão que visitou Portugal no
século XVIII e que escreveu o livro «Travels in Portugal», publicado em Londres
em 1801. Nele mencionava o milho que abundava nas Beiras e dizia que muitas
pessoas viviam do pão com ele feito e que se chamava broa.
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Henry Frederick Link (1767-1851) |
Se Link
tivesse provado estes “milhos” seguramente que se teria referido a eles com
apreço. Pelo menos foi o que aconteceu com as pessoas que o provaram, na minha
tentativa de reproduzir o prato transmontano.
Experimentem!.Vão gostar.