sexta-feira, 30 de agosto de 2013
sábado, 24 de agosto de 2013
Um sorteio dos Bombeiros Voluntários da Ajuda em 1956
Abre-se a televisão e lá estão
os fogos que devoram o país durante o verão, este ano com a agravante da perda
de vidas de bombeiros.
A propósito, lembrei-me de um
folheto publicado pela associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da
Ajuda (Cruz Verde) para um sorteio de utilidades domésticas que se realizou em
15 de Agosto de 1956.
O dinheiro realizado com a venda
dos bilhetes do sorteio destinava-se à compra duma auto-maca da marca Mercedes,
de cor verde como a cruz que caracteriza a corporação.
Talvez tenha sido esta
ligação que fez com que o infante D. Afonso, um dos primeiros portugueses a
possuir carro, e apreciador da velocidade, exclamasse «Arreda, arreda» para
afastar as pessoas do caminho. Ficou conhecido pela alcunha do «Arreda», mas
quem sabe se não terá sido influenciado pela urgência dos bombeiros em chegar
aos locais, numa forma sui generis de sirene pessoal.
Esta associação teve uma
actividade de grande apoio à população durante o período da revolução
republicana que não foi reconhecida pela Cruz Vermelha, a que não terá sido
alheio o facto de ter sido uma colectividade protegida pela família real, o que
levou a que, em 1911, em assembleia decidissem passar a utilizar o distintivo
da Cruz Verde, em tom esmeralda.
Espero que o objectivo da compra da auto-maca verde tenha sido conseguido. Esta é, pelo menos, uma história refrescante neste verão quente sobre uma associação de bombeiros com 133 anos de existência.
terça-feira, 20 de agosto de 2013
«Um homem que tinha o espírito de contradição»
Já anteriormente falei sobre a
interessante publicidade da firma Vacuum Oil no nosso país. Este empresa
americana de petróleo, instalada em Portugal em 1896, associou-se depois à
Standard Oil, vindo a dar a Mobil.
Durante o período que esteve
representada em Portugal recorreu a ilustradores famosos como Emmérico Nunes que, em 1926, como o próprio afirmou ”se viu obrigado a aceitar um lugar de
desenhador na secção de publicidade da Vacuum”, onde se manteve até 1931.
Esta pequena história não é,
contudo, da sua autoria. O desenho está assinado MC que, espero, alguém venha a
identificar, porque eu desconheço a quem se refere.
Quando, inesperadamente, chega a sua casa um grupo de familiares
vindos da província D. Ester fica em pânico pensando no tempo que ia levar a
acender o fogão. Mas a refeição chega rápida à mesa e tudo corre
maravilhosamente. Sebastião considera o feito um milagre mas a mulher explica
que tal só foi possível graças ao fogareiro Vacuum da vizinha. Fim da história,
mas adivinha-se o seguimento.
Mas outros modelos,
em especial o “Sunflower” foram provavelmente feitos pela Hipólito. Parece-me
verosímil dadas as semelhanças com os modelos da fábrica de Torres Vedras.
Um
aspecto interessante para futuro esclarecimento, quando nos dedicarmos a esta
empresa. Entretanto, como são ainda vivos alguns dos trabalhadores dessa
firma, que encerrou em 1999, pode ser que algum deles leia este poste e nos
acrescente informação.
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(1) O 1º registo da Vacuum em Portugal foi feito em Outubro de 1906 e destinava-se a produtos da classe 4 (óleos e gorduras industriais), tendo sido feito pela Exxon Mobil Corporation. Não encontrei qualquer registo de fogareiro, tal como não surge nos Anuários Comerciais do início do século XX nos produtores de fogões. A Vacuum é referida como comercializando gasolina e lubrificantes.-------
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
Objecto mistério Nº 37. Resposta: Mate de cabaça com bombilha
Na realidade eu devia ter
acrescentado a este desafio que os brasileiros não podiam votar. Mas teria que
acrescentar que também quem viajou para a América do Sul e, em especial, para a
Argentina, também não. É que este utensílio é, desde há vários séculos, bem
conhecido nessas paragens.
Assim tornou-se um desafio fácil,
embora para um português este seja habitualmente desconhecido.
Imagem de embalagem de erva mate do acervo do museu paranaense in gazeta do povo |
A taça destinada à confecção do
chá mate é conhecida por «mate» na Argentina e por «cuia» no
Brasil. O material utilizado para a taça em si é variado, mas os mais característicos
são feitos com cabaças (família das cucurbitáceas, como as abóboras). Estas são
lavadas, polidas e escavadas para retirar as sementes. São depois coradas,
podendo ter desenho esgrafitados ou serem revestidas com outro material como o
couro. A parte superior é cortada e é aplicado um rebordo em metal, mais ou
menos nobre. Podem também ter pés de suporte, como acontece no Brasil, em que
apresentam por vezes uma forma em sino invertido e são muitas vezes feitas em cerâmica.Nas regiões do sul do país toma a designação de «chimarrão».
A erva mate (Ilex
paraguariensis) é uma planta semelhante ao loureiro, em que se aproveitam
as folhas e os ramos mais finos que são secos e depois triturados. Este
preparado é introduzido na taça e adiciona-se água quente. A mistura é agitada e bebida através da «bombilha»
ou «bomba», um espécie de palhinha com um crivo na extremidade que se destina a
filtrar a bebida. São-lhe atribuídas várias propriedades terapêuticas que têm
sido estudadas nos últimos tempos.
Embalagem de erva mate. Imagem do acervo do museu paranaense in gazeta do povo |
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1 - Tive alguma dificuldade em perceber a diferença entre chá mate e "chimarrão", expressão que é mais usada no sul do Brasil. Trata-se do processo de fabricação da erva mate que no chimarrão passa pelo processo de sapeco (fumadas), secagem e moagem enquanto a erva mate para chá mate é apenas seca e tostada.
2 - Optei pelas expressões argentinas para os utensílios uma vez que o objecto apresenta uma forma sugestiva de ter origem nesse país.
terça-feira, 13 de agosto de 2013
Objecto Mistério Nº 37
É ainda hoje utilizado na América
do Sul, mas nunca teve qualquer divulgação em Portugal.
Foi provavelmente trazido para o
nosso país por um viajante curioso e é muito semelhante a dois outros objectos
existentes no espólio do Museu Nacional de Arte Antiga e que datam do século
XIX.
O que é e para que se destina?
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
Um convite universal da Coca Cola
A empresa Coca Cola teve sempre uma publicidade de alta
qualidade que, ao longo dos anos, foi exercendo influência na sua divulgação e
consumo. Sem publicidade é provável que a bebida criado pelo farmacêutico John
Pemberton, em 1886, em Atlanta, nunca tivesse passado de uma bebida medicinal
de uso regional.
Alcançado o êxito no seu próprio país, a empresa Coca-Cola
Company lançou-se à conquista de Europa e da América do Sul. Os anúncios
que aqui apresento referem-se à campanha lançada pela Coca Cola no Brasil no
ano de 1944 e intitulada «O Convite Universal: “Tomemos uma Coca-Cola”,
publicados na revista Seleções do Reader’s Digest desse ano.
Em Portugal, por essa época, já não se bebia Coca-Cola. A
bebida registada no nosso país em 22 de Dezembro de 1920, teve uma curta vida.
A publicidade inicial limitava-se a apresentar a imagem da garrafa acompanhada
da expressão: «A tal... agora em Portugal». Contudo a melhor publicidade seria
da autoria de Fernando Pessoa que trabalhava nessa altura na empresa Manuel
Martins da Horta, Ldª(1) quando escreveu o slogan: «Primeiro estranha-se,
depois entranha-se» (2). Seria a própria qualidade da promoção que alertaria as
autoridades, e Ricardo Jorge (1858-1939) como Director-Geral da Saúde, foi o
responsável, em 1927, pela proibição da Coca-Cola (3). A bebida existente em
Portugal foi destruída. Apesar de não se encontrar à venda a empresa Coca Cola
Company fez um segundo registo da marca em 1946 e em 16 de Outubro de 1961
registou o modelo da garrafa.
A bebida já tinha chegado ao Brasil em 1941, mas a sua
produção começou no Recife, na Fábrica de Água Mineral Santa Clara e
estendeu-se depois a outras cidades brasileiras. Destinava-se inicialmente aos
militares americanos instalados na base da cidade brasileira de Natal, capital
nordestina, e a outros que circulavam pelo chamado "Corredor da
Vitória", rumo à Europa e à África do Norte, durante a Segunda Guerra
Mundial.
Contudo a população brasileira teve dificuldade na aceitação
desta bebida e foram necessárias várias campanhas publicitárias. Em 1940 já havia sido lançada a campanha “A pausa que refresca”, mas em 1944 teve lugar uma nova
campanha designada “O convite universal”, de que se mostram alguns dos anúncios. Apenas o
anúncio de Cuba está assinado por «Carmona», mas no geral todos parecem saídos
da mesma caneta. Destinavam-se a transmitir a ideia de aceitação da bebida em
toda a América latina, sendo vários os países mencionados.
Neles surge representado um casal moderno a beber uma Coca-Cola
directamente da garrafa. Em plano de fundo são por vezes visíveis autóctenes
com fatos regionais que caracterizam melhor o local.
Apenas no caso da
publicidade que mostra uma «Vista Charra Mexicana» os consumidores se
apresentam vestidos com fatos tradicionais mexicanos.
Duas outras imagens
publicitárias, incluídas na mesma campanha, destacam-se pela tentativa de divulgação
do consumo da bebida durante desportos de luxo: a «Cena de Inverno», referente à
prática de sky no Chile, e o «Campo de Polo», num intervalo do jogo, sem
referência ao país.
Apenas em 1976 o empresário Sérgio Geraldes Barba, constituiu
a empresa Refrige (Sociedade Industrial de Refrigerantes SA) que se tornaria na
concessionária da bebida no nosso pais. Em Julho de 1977 a Coca Cola regressava
a Portugal. Em 1993 lançava uma campanha publicitária intitulada «Sempre
Coca-Cola». A empresa nunca deixou de investir em publicidade.
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(1) Que viria a
dar a McCannErikson/Hora.
(2) Ferreira,
António Mega, Fernado Pessoa, O Comércio e a Publicidade, 1986, p.
34-35.
(3) Galhardo,
Andreia, Sobre as práticas e reflexões publicitárias de Fernando Pessoa.
Consulta online http://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/585/2/19-27FCHS2006-2.pdf
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
O pudim instantâneo Freeman
A Freeman & Hildyard, foi uma
empresa inglesa especializada na fabricação de produtos alimentares como geleias,
fermento, pudins, sopas, biscoitos para cães, etc.
Estas caixas da marca Freeman,
encontradas em Portugal, continham pó para pudim instantâneo de baunilha. Para
fazê-los bastavam 5 minutos e a adição de açúcar e leite. Supõe-se, como
acontece com outros similares, que bastava levar a mistura ao lume, deixar
engrossar e depois de arrefecido obtinha-se uma mistura com a consistência de um
pudim. Para além deste sabor, o pudim eram era vendido também nas variedades de: amêndoa, limão,
pêssego, nectarina, chocolate, morango e framboesa.
Uma publicidade publicada em 1883 mostrava um diálogo entre uma visita, a srª Murray Fleming, que perguntava à srª. Granville, a dona de casa, quantos ovos tinha usado no pudim. Esta respondia divertida: «Nenhuns ovos e nenhuma farinha».
Uma publicidade publicada em 1883 mostrava um diálogo entre uma visita, a srª Murray Fleming, que perguntava à srª. Granville, a dona de casa, quantos ovos tinha usado no pudim. Esta respondia divertida: «Nenhuns ovos e nenhuma farinha».
No final do século XIX estavam na moda os pudins e as geleias, como o
atestam as múltiplas formas utilizadas. A confecção destas sobremesas com pós
instantâneos revelou-se mais barata e fácil e este tipo de pudim foi um sucesso.
De entre os outros produtos comercializados por esta firma destacamos o fermento em pó (“baking powder”) usado no fabrico do
pão e em pastelaria e a sopa em pó, como a de tartaruga, considerada como um
prato de luxo.
Ambas as caixas apresentadas são feitas em
papelão forrado a papel e na face superior estão decoradas com gravuras ao
gosto do século XIX, circundadas por um cordão dourado, que lhe dão um aspecto de trabalho manual.
Apresentam nas faces laterais reproduções das várias medalhas de ouro obtidas por esta marca. Podemos ver um medalha ganha em Londres em 1873, seguida de um outra em 1881. No ano de 1884, ganharam duas medalhas de ouro: uma na Health London e outra no Crystal Palace. A última medalha mencionada na embalagem foi ganha em 1888, novamente em Londres.
Isto coloca-nos estas embalagens no final do século XIX, quando a empresa se designava Freeman & Hildyard e se encontrava em Henry Street, Gray’s Inn Road. Mais concretamente podemos dizer que datam de 1888 ou do início de 1889 porque uma notícia surgida no jornal «The London Gazette», publicada em 16 de Abril de 1889, anunciava o fim da sociedade de Whiteman George Freeman e de George Herbert Hildyard, como fabricantes dos vários produtos já mencionados da firma “Freeman & Hildyard” e da “Aple and Co.”.
Apresentam nas faces laterais reproduções das várias medalhas de ouro obtidas por esta marca. Podemos ver um medalha ganha em Londres em 1873, seguida de um outra em 1881. No ano de 1884, ganharam duas medalhas de ouro: uma na Health London e outra no Crystal Palace. A última medalha mencionada na embalagem foi ganha em 1888, novamente em Londres.
Isto coloca-nos estas embalagens no final do século XIX, quando a empresa se designava Freeman & Hildyard e se encontrava em Henry Street, Gray’s Inn Road. Mais concretamente podemos dizer que datam de 1888 ou do início de 1889 porque uma notícia surgida no jornal «The London Gazette», publicada em 16 de Abril de 1889, anunciava o fim da sociedade de Whiteman George Freeman e de George Herbert Hildyard, como fabricantes dos vários produtos já mencionados da firma “Freeman & Hildyard” e da “Aple and Co.”.
A marca Freeman & Hildyard
passou depois para a posse da Watford Manufacturing Co Ltd, que manteve
a produção. Em 1908 ainda se encontrava em laboração uma vez que surge o nome Freeman
& Hildyard, mencionado num livro comercial designado “Kellys Directory”
como sendo pertença da Watford Manufacturing Co. Limited, em Callowland,
Watford.
Embora não tenha sido o primeiro pudim instantâneo, estes surgiram em meados do século XIX, é seguramente um dos pioneiros da indústria alimentar.
Embora não tenha sido o primeiro pudim instantâneo, estes surgiram em meados do século XIX, é seguramente um dos pioneiros da indústria alimentar.
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
Recomendação para quem vai de férias
Portugal fecha para férias e reabre dentro de dois meses.
Aqui fica uma recomendação de última hora para quem ainda não preparou as malas. Este anúncio foi publicado no Século de Natal (1898) e até há pouco tempo estes fabricantes ainda existiam, embora noutro local. Não respondendo por telefone fico na dúvida se foram de férias ou se foi mais uma empresa que fechou.