Mas não consegui esperar pelo Inverno para partilhar esta minha descoberta de um lenço de assoar dos anos 70 com uma receita culinária.
É verdade que as receitas estão por todo o lado. Mas num lenço de assoar é completamente inesperado.
No caso presente trata-se da receita da “Fondue Bourguignonne”.
Esta receita de fondue de carne deve o seu nome à região da Borgonha. Vai buscar esta designação ao “Boeuf Bourguignonne”, não pela composição, que inclui sempre vinho, mas pelo tipo de carne de vaca, limpa de gorduras, cortada aos quadrados, que é comum às duas receitas.
Ao contrário da fondue de queijo, que tem vários séculos, só em meados dos anos 50 começou a surgir em livros de receitas. Em Portugal, a época da grande moda foram os anos 70, data que corresponderá à do lenço apresentado. Passo por cima os preparativos referidos no lenço, de todos conhecidos, para salientar os acompanhamentos aconselhados: ovos cozidos, ananás aos quadrados, amêndoas salgadas, frutos marinados, anchovas, alcaparras, azeitonas, pimentos, pepinos e ainda 2 ou 3 molhos picantes: tártaro, vinagreta, Cumberland, bem como várias maioneses trabalhadas.
E a terminar conclui: «A fondue bourguignone nada tem em comum com a de queijo excepto a sua apresentação.» Permito-me aqui discordar. Em comum, embora menos associada à fondue de carne, têm a tradição de castigar quem deixar cair do garfo um pedaço dentro do panela da fondue.
Os castigos variam mas nenhum é tão famoso como o que se desenrola em “Asterix entre os Helvéticos”, uma das obras da dupla René Goscinny e Albert Uderzo. Quem conhece o livro identifica imediatamente a frase . «Para o lago! Para o lago com um peso atado nos pés!”.
Um castigo exagerado, há que reconhecer, mesmo para um comilão.
Um castigo exagerado, há que reconhecer, mesmo para um comilão.